Dois problemas que são polêmicos se colocam diante da agressão do STF ao PCO. Sendo que o fato de serem polêmicos dentro da esquerda mostra que a luta pela democracia é inexistente. O primeiro deles é a liberdade de expressão, o segundo é a dissolução do STF.
A imprensa divulga e a “esquerda bem pensante” repete que deve haver limite para a liberdade de expressão. Como se o mundo estivesse ameaçado pela liberdade de expressão e não o contrário. Porque no passado o medo era de que uma ditadura instaurada impedisse as pessoas de falar, de protestar; agora precisa haver limites a esse protesto. É uma reversão total de valores.
Para boa parte da esquerda brasileira que é extremamente ignorante ou está a serviço de objetivos estranhos (financiados pela Fundação Ford), várias coisas não podem ser ditas. Tudo que a classe média formar um tipo de consenso dos “bem pensantes” tem que ser proibido; a polêmica com pessoas que questionaram e decidiram não se vacinar, é um exemplo.
Neste momento a luta que tem que ser travada é para restabelecer a realidade. A luta é por poder falar e não para diminuir o direito das pessoas falarem. Neste sentido, os identitários são uma arma poderosa de todas as ditaduras. Por que colocaram na cabeça que eles têm que fazer lavagem cerebral na população e impedir as pessoas de falarem. Então, se o homem é machista, a maneira de corrigir o problema é não deixar ele falar… até chegar uma hora que não pode falar nada.
Liberdade de expressão é o que diz a Constituição brasileira “é livre a expressão do pensamento, vedado anonimato”. Essa é a lei do País. E é a lei em muitos lugares como nos EUA onde há uma luta permanente para manter esse direito porque a burguesia quer acabar com ele. Essa é a posição democrática normal, é uma tradição antiga e há uma luta contra ela, por isso precisa estar na lei. Porque se a lei diz que não se pode expressar um pensamento de ódio o juiz usa da maneira que quiser e acabou a liberdade de expressão. É o que está acontecendo com o PCO e é extremamente perigoso.
Mas convenceram uma parte da “esquerda bem pensante” que não pode criticar autoridades públicas. Então é a monarquia absoluta. Não é democracia, é o século XVII.
O segundo problema revela ainda mais o analfabetismo político geral. É a afirmação de que não se pode pedir o fim do STF. Com isso, o que parecia ser o fundo do poço foi ultrapassado por setores da esquerda.
Muita gente considerada séria disse que isso seria atentar contra a democracia. Também dizem que o poder judiciário está na Constituição.
A conclusão é que a forma político jurídica, o regime, é imutável. Mas tudo pode ser mudado. E qualquer um pode propor por exemplo a volta da monarquia, então porque não se pode defender a dissolução do STF?
O PCO propõe não apenas isso, como também o fim do Senado, não pode propor? A vice-presidência também tem que acabar porque é uma instituição antidemocrática; o vice existe para conspirar contra o titular e a experiência do Brasil mostra isso. Propomos uma reforma geral no judiciário e que seja todo eleito. Também defendemos o fim da PM; fim do exército como está organizado hoje; uma quantidade grande de mudanças no Congresso Nacional, uma reforma política e eleitoral. Fim da concessão de TV e Rádio; cassar a concessão da Globo. Quem é de esquerda deveria querer mudar tudo. A não ser que considerem esse regime democrático.
Ao contrário do que dizem os interessados, a posição do PCO é a mais democrática: eleição de juízes e reforma do judiciário. Ou democrático é ministro indicado por presidente golpista, como é o caso de Alexandre de Moraes indicado por Michel Temer?
Acontece que esses setores não veem a diferença entre generais fecharem o STF na força e um partido propor que o STF seja extinto por uma reforma democrática no judiciário. É resultado de um retrocesso intelectual e político gigantesco na esquerda.