O governo israelense realizou ataques aéreos contra o porto de Latakia, na Síria, na madrugada do último dia 28. Segundo o governo russo, o país árabe foi alvo de um número superior a 70 mísseis, dos quais mais da metade foram derrubados. Contudo, os que atingiram o porto acabaram ocasionando um incêndio de grandes proporções, que segundo a agência estatal de notícias síria SANA, trouxeram “danos materiais significativos”.
Foi o segundo ataque contra a cidade no mês, que já fora alvo dos bombardeios no dia 7 de dezembro. Segundo o informe de SANA, ninguém morreu no último atentado, que representa a pior ofensiva do Estado artificial contra o governo nacionalista da Síria desde 2011.
Em seu sítio, SANA destaca manifestações oficiais de repúdio aos ataques sofridos pela Síria feitos pelos governos do Líbano e do Irã. Enquanto o Ministério das Relações Exteriores do Líbano enfatizou sua solidariedade e laços de irmandade com os sírios, destacando também que os ataques reforçam a verdadeira face da ocupação israelense, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Saeed Khatibzadeh, foi mais contundente em sua declaração: “esse ataque da entidade de ocupação sionista equivale a uma agressão contra um Estado membro da ONU, violação descarada da soberania da Síria, um ato de agressão e um exemplo claro dos objetivos da entidade sionista na criação de crises e caos na região, sendo também uma ação desumana e imoral“.
A tensão na região se intensificou desde o anúncio feito pelo primeiro-ministro Naftali Bennett, antecipando a construção de dois novos assentamentos organizados pela ocupação israelense nas Colinas de Golã. O território, que pertence à Síria, está ocupado pelo exército de Israel desde 1967. Por meio de nota, Damasco manifestou seu repúdio à medida, considerando os planos de intensificação da ocupação israelense sobre seu território roubado um “crime de guerra”.
Segundo o jornal israelense Haaretz, “Israel construirá milhares de novas unidades habitacionais, desenvolverá infraestrutura de transporte, atualizará o sistema médico e educacional da área e promoverá milhares de novos empregos” (“Israel Approves Mammoth Golan Heights Plan in Bid to Double Population”, Jonathan Lis, 26/12/2021). O plano do governo israelense, segundo o órgão, é investir US$317 milhões nas obras. Atualmente com 52 mil pessoas vivendo no território invadido, Israel espera dobrar sua população no local até o final da década com as obras, política que naturalmente é alvo de protestos por parte do governo de Damasco.
Comentando o plano no último dia 25, o primeiro-ministro Naftali Bennett declarou: “Nosso objetivo é dobrar o assentamento nas colinas de Golã. A necessidade de fortalecer, nutrir e reconciliar o local é comum a todos nós”, disse Bennett, que segundo a mesma matéria, acrescentou ainda: “O fato de o governo de ministros da esquerda e da direita estar unido produz avanços. Nosso governo está permitindo a redescoberta de um amplo consenso israelense”, concluiu.Na versão dos fatos defendida pelo órgão, a ocupação criminosa do território sírio seria uma “captura” realizada na Guerra dos Seis dias, com anexação formal em 1981 e reconhecimento da autoridade israelense sobre Golã pelo presidente norte-americano Donald Trump em 2019. Embora lembre que “os EUA são os primeiros e até o momento únicos a reconhecer” Golã como parte de Israel, a ocupação e a construção de acampamentos na área viola todos os tratados e resoluções da ONU sobre a questão.