Na última semana de dezembro de 2021, o Banco Bradesco tentou mais uma manobra para aparecer como uma empresa capitalista preocupada com as questões ambientais e os direitos dos animais. Em campanha publicitária do banco, três irmãs influenciadores digitais recomendam a diminuição do consumo de carne bovina para “reduzir emissões de gases causadores do efeito estufa e salvar o planeta terra da destruição e de tabela a vida de milhões de animais”. Mas a reivindicação “ecológica” do Bradesco não deu muito certo e foi desmascarada.
Logo após a publicação, entidades do agronegócio e parlamentares da bancada ruralista criticaram a propaganda e pecuaristas organizaram um churrasco em diversas agências do Banco, distribuindo carne para a população em protesto contra a propaganda. Prontamente, o Bradesco retirou a propaganda do ar e pediu desculpas ao setor. No dia 27 a entidade divulgou uma carta aberta assinada nada menos que pelo próprio presidente do banco, Octavio de Lazari, ao agronegócio.
“Ao longo de seus quase 79 anos de história, o Bradesco sempre apoiou de forma plena o segmento do agronegócio brasileiro (…). Contudo, nos últimos dias, lamentavelmente, vimos uma posição descabida de influenciadores digitais em relação ao consumo de carne bovina, associada à nossa marca. (…) Tal posição não representa a visão desta casa em relação ao consumo de carne bovina“, diz o documento.
Com o propósito de desmentir a sua própria farsa, Lazari deixa evidente que os bancos são responsáveis pelo apoio ao latifúndio e suas empresas em toda a cadeia produtiva. Segundo o diretor de agronegócios do Bradesco, Roberto França, ao portal da internet Money Times, o banco é o segundo colocado entre os bancos privados no financiamento ao latifúndio, com valores aproximados de R$ 40 bilhões. Perde apenas para o banco mais identitário e ambiental, financiador de Marina Silva, o Itaú, que fornece ao agronegócio valores em torno de R$ 54 bilhões.
A propaganda do Bradesco apenas revela a demagogia realizada pelos grandes capitalistas em torno de questões identitárias e em relação ao meio ambiente. São os maiores financiadores de empresas que exploram o trabalhador, contratam seguranças para perseguir pessoas negras e pobres, e que destroem os recursos naturais.
Mas fazem a propaganda apenas como uma maneira de tentar mostrar o banco como responsável e comprometido com as pautas ecológicas e identitárias. E diante dessas pautas inofensivas, como a segunda sem carne, enganam a esquerda pequeno burguesa adepta de medidas desse tipo.