Nos últimos dias intensificou-se a campanha, na imprensa burguesa e de parte da esquerda que defende a conciliação com os golpistas e inimigos dos trabalhadores, para que o PT atenda às chantagens do PSB e indique o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) para vice de Lula.
Caso isso se confirme, equivale à escolha de um novo Michel Temer – o vice que ajudou a derrubar a presidenta Dilma – para integrar a chapa do ex-presidente.
Alckmin é um inimigo histórico da classe trabalhadora e essa medida seria um duro golpe nas bases do próprio Partido dos Trabalhadores (PT), da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e dos movimentos populares (MST, CMP etc.) que são dirigidos pelo PT. Todos esses movimentos foram duramente perseguidos por Alckmin e seu partido.
Segue abaixo um pequeno resumo das atrocidades patrocinadas por Alckmin em seus governos:
Massacre e assassinato em Pinheirinho
Era manhã do dia 27 de janeiro de 2012, quando “De repente, dois helicópteros da Polícia Militar começaram a jogar bombas e a cavalaria entrou por trás. Pela frente, entrou o batalhão da Tropa de Choque, com arma de verdade”. Foi um horror, todo mundo assustado, as pessoas feridas.”, relembra Valdir Martins, o Marrom, então coordenador da ocupação na época da remoção.
A ocupação de Pinheirinho estava localizada em São José dos Campos, interior de SP. De 6 a 9 mil moradores ocupavam uma área abandonada desde 2004. O terreno de 1,3 milhão de m² era de propriedade de uma empresa falida, Selecta SA, do empresário e Naji Nahas.
Além de centenas de feridos, pelo menos duas mortes foram diretamente relacionadas à desocupação. A do aposentado Ivo Teles dos Santos, espancado pela polícia militar e que veio a óbito alguns dias depois e a de Antônio Dutra Santana atropelado por um veículo cujo condutor perdeu o controle após ser atingido por uma bala de efeito moral.
O ex-governador, denunciado nacional e internacionalmente pela ação violenta da PM na reintegração de posse na ocupação de Pinheirinho limitou-se a declarar que “Acontece que não é uma tarefa simples, mas a polícia tem de cumprir a ordem judicial, que era a desapropriação”;
Barbárie contra a juventude
A selvageria da PM de Geraldo Alckmin foi responsável pela eclosão dos protestos de 2013 em São Paulo e no Brasil. Naquele momento, o governador comandou uma dura repressão contra os protestos majoritariamente estudantis convocados pelo Movimento Passe Livre (MPL). A Polícia Militar investiu sobre os manifestantes com extrema violência, com carga de cassetetes, tiros de bala de borracha e bombas de gás lacrimogêneo.
Repressão contra professores
No ano de 2015, Alckmin se confrontou duramente com a greve dos trabalhadores da Educação, que durou três meses. No primeiro momento, o governo estadual mentiu de todas as formas para deslegitimar o movimento dos professores por salários e condições de trabalho. Nunca negociou com os sindicatos, que por ele foram duramente atacados. Chegou até a cortar salários e a desobedecer decisões judiciais que proibiram esse tipo de prática anti-grevista.
Um entusiasta do golpe de Estado de 2016
Entre os anos de 2015 e 2016, o tucano forneceu apoio político e material aos atos coxinhas, inclusive com a liberação do metrô de São Paulo. Geraldo Alckmin esteve presente nos atos verde e amarelos que se destacavam pelas faixas à favor da intervenção militar, marcados pelo viés de extrema-direita, anticomunistas e contra o PT. Fazendo coro com a farsa da operação Lava-Jato, afirmava: “O Lula é o Partido dos Trabalhadores. O Lula é o retrato do PT, partido envolvido em corrupção, sem compromisso com as questões de natureza ética, sem limites”. Um pouco antes da prisão de Lula, quando sua caravana de foi atacada a tiros pela extrema-direita fascista em janeiro de 2018, o tucano justificou e disse que o PT “colheu o que plantou”. A prisão de Lula foi apoiada por Geraldo Alckmin e seu pupilo, João Doria, inclusive tentou transferi-lo para o presídio de Tremembé como um preso comum;
Privatização e arrocho salarial
A política econômica de Alckmin à frente do governo foi marcada pelas privatizações, instalação de pedágios nas rodovias estaduais, arrocho salarial para o funcionalismo público, austeridade fiscal, parcerias público-privadas. Alckmin congelou o orçamento público em 2015, cerca de 2 anos antes de Michel Temer fazer o mesmo em nível federal. Em 2017, o tucano ganhou um prêmio em Nova Iorque (EUA) por ter obtido êxito na abertura do capital da Sabesp.
A lista de crimes de Alckmin é muito maior. Trata-se de um político neoliberal, criminoso, repressor e privatizador que não tem nenhuma relação com os interesses do povo. O Partido dos Trabalhadores, a CUT, os sindicatos e movimentos populares não devem aceitar Alckmin como vice de Lula.
Ao contrário desse verdadeiro “cavalo de Troia”, as bases do PT, da CUT e de toda a esquerda devem lutar por um vice de luta, que tenha participado da luta contra o golpe, pela liberdade de Lula, pelas reivindicações do povo.
Lula precisa de um vice contra o sistema e não a favor do massacre do povo.