Em razão do Dia da Democracia, data em que os argentinos celebram o fim da ditadura militar que se arrastou de 1976 a 1983, a esquerda argentina convocou uma grande mobilização popular para a Praça de Maio, em Buenos Aires. Além do atual presidente, Alberto Fernández, e de sua vice e principal liderança peronista, Cristina Kirchner, foram convidados a falar os ex-presidentes Pepe Mujica (do Uruguai) e Lula (Brasil).
Apesar de tentar remontar à primeira década do século, marcada por governos moderados da esquerda nacionalista latino-americana, o ato contou com falas combativas. Cristina Kirchner fez duras críticas ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que atualmente asfixia a economia Argentina. Lula, por sua vez, lembrou de quando Associação de Livre Comércio das Américas (ALCA): “foi quando expulsamos a ALCA e firmamos o Mercosul”, disse o ex-presidente, relembrando a “década ganha”, no que foi ovacionado.
“Se siente, se siente, Lula presidente”, gritou a multidão de argentinos, mostrando que a palavra de ordem não está apenas na boca do movimento operário brasileiro.
Lula se mostrou solidário ao atual presidente argentino, que atravessa um período de grave crise política e econômica. O ex-presidente brasileiro agradeceu a visita que Fernández lhe fez quando ainda estava preso em Curitiba.
Analistas disseram que o movimento fez o candidato peronista perder votos, mas a grande demonstração de apoio dos trabalhadores argentinos deixa claro que a visita foi mais em favor de Fernández do que de Lula.
No sábado, após a grande mobilização, Lula realizou importante visita à sede da maior central sindical argentina, a Confederação Geral do Trabalho (CGT), e encontrou-se com seus dirigentes. Em sua fala, agradeceu aos trabalhadores argentinos pela solidariedade “ao Brasil e a ele” ao longo do golpe de Estado e de sua prisão arbitrária.
Mais do que da aliança com o peronismo e lideranças do nacionalismo burguês regional, a força de Lula vem de seu apoio popular que, mais do que brasileiro, é latino-americano.